Lula e Dilma face à corrupção

Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico

Jornal Centro Cívico – Ano 9 – Edição 86 – Agosto/Setembro 2011

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Lula e Dilma face à corrupção

Francisco Souto Neto

Sem interesse direto em política e, portanto, isento de paixões político-partidárias, posso observar imparcial e objetivamente os embates que estão ocorrendo em Brasília. Além disso, sou cauteloso ao ler aquilo que é divulgado pela imprensa. Leio duas revistas semanais: a Veja, que segue uma linha de nítida oposição ao governo, e a Istoé, simpatizante da situação. Jornais também leio procurando observar as opiniões dos dois lados de uma mesma questão. Este é um exercício intelectual que favorece ao discernimento e à capacidade de identificar as mensagens subliminares e tendenciosas de muitos dos veículos de comunicação. Parece-me salutar que tenhamos o trânsito do pensamento para todos os lados, aberto a diversas possibilidades.

Durante o governo Lula, um fato que sempre me irritou profundamente foi a ingerência do então presidente nas questões que envolviam a corrupção, com toda a sua equipe mobilizada em varrer os escândalos para debaixo do tapete. Quanto mais alguns políticos eram acusados de corruptos e antiéticos, mais o presidente os defendia e os “blindava” – para usar uma palavra então em voga. Numa conversa com amigos simpatizantes do PT, que sempre considerei éticos, me ocorreu criticar os corruptos, e deles ouvi a justificativa: “Mas a corrupção já existia desde os tempos do Fernando Henrique, só que não era tão comentada”, como se isso fosse natural e aceito por todos. Na minha visão, não é porque os antecessores foram corruptos, que os sucessores terão que seguir a mesma trilha da sordidez.

Quando começou o governo Dilma Rousseff, fiquei muito preocupado com um tropeção inicial dado pela presidenta. Foi amplamente noticiado pela imprensa nacional que o deputado e então futuro ministro do Turismo indicado por Sarney, Pedro Novais, com 80 anos, tinha pedido à Câmara dos Deputados o ressarcimento por despesas R$2.156,00 que teve no Motel Caribe, a 20 quilômetros de São Luís (MA). Essa notícia é datada de 22 de dezembro de 2010, de O Estado de São Paulo. Eu esperava que Dilma Rousseff substituísse o nome do candidato a ministro, mas isto não aconteceu, e ela lhe deu posse, o que me decepcionou.

Entretanto, tudo o que vem ocorrendo em Brasília nos últimos meses, demonstra claramente que a presidenta adotou uma posição diametralmente oposta à corrupção, decidida a combatê-la e refutá-la. Já presenciamos a queda de quatro ministros, e a prisão de seus numerosos auxiliares diretos, envolvidos com atos espúrios. Neste contexto, causa espanto e revolta ver os maus políticos ocupados em defender os seus pares envolvidos nas falcatruas, tentando livrá-los das acusações, para isso acossando a presidenta do país, no afã de demovê-la do propósito de afastar e punir esses criminosos. Mas temos presenciado, com muito gosto, o recrudescimento de Dilma Rousseff, que se mantém posicionada contra corruptos e corruptores. Além disso, ao empossar o novo Ministro da Agricultura, recomendou-lhe substituir os políticos da sua pasta por técnicos. Mais outro mérito da presidenta: todos os ministros que deixaram o cargo, foram aqueles impostos pelo governo Lula, e dele herdados. A hora é de apoiar e aplaudir a decidida ação da presidenta contra a corrupção.

E antes que me esqueça: “presidenta”, como feminino de “presidente”, é palavra dicionarizada há décadas, e palavra dicionarizada é palavra correta. Qualquer discussão sobre este tema será pífia. Neste caso específico, castiço é falar ou escrever “presidente” ou “presidenta” como preferir, sem medo de errar.

(Francisco Souto Neto – Setembro 2011)

Sobre francisco souto neto

ATENÇÃO! CUIDADO! EM 17.4.2021 FORAM FURTADOS MEUS DADOS PESSOAIS (FRANCISCO SOUTO NETO): CPF, IDENTIDADE, DADOS BANCÁRIOS. EU NÃO FAÇO EMPRÉSTIMOS NEM FINANCIO NADA. NÃO COMPRO A PRAZO E NÃO UTILIZO CARTÃO DE CRÉDITO. QUALQUER TENTATIVA DE CONTRATOS EM MEU NOME, FAVOR CHAMAR A POLÍCIA. O comendador Francisco Souto Neto trabalhou no extinto Banco do Estado do Paraná S.A. até aposentar-se, onde exerceu as funções de inspetor, assessor da diretoria, da presidência e para assuntos de cultura. Filho do jornalista e radialista Arary Souto (1908-1963) e Edith Barbosa Souto (1911-1997), é advogado, jornalista e crítico de arte, com colunas em jornais e revistas desde os anos 70. Tem integrado diretorias e conselhos consultivos e administrativos de diversas entidades, sobretudo de órgãos oficiais ligados à cultura paranaense. Foi-lhe outorgado o título de Comendador pela Associação Brasileira de Liderança (São Paulo). Recebeu o "Troféu Imprensa do Brasil 2014" e também o "Prêmio Excelência e Qualidade Brasil 2015" na área da Cultura, como “Destaque entre os melhores do Brasil”. Em novembro de 2016 recebeu mais uma vez o Troféu Imprensa Brasil, seguido do Prêmio Cidade de Curitiba, e ainda do Top of Mind Quality Gold. É membro da Academia de Letras José de Alencar, em Curitiba, onde ocupa a Cadeira Patronímica nº 26.
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Uma resposta para Lula e Dilma face à corrupção

  1. Robert Jan Bowles disse:

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