Crônicas de FRANCISCO SOUTO NETO para o Jornal Centro Cívico
Jornal Centro Cívico – Ano 9 – Edição 83 – Junho 2011
A retirada das grades dos jardins do Centro Cívico
Francisco Souto Neto
Até meados dos anos 90 não existiam grades nas praças que compõem o Centro Cívico de Curitiba, nem ao redor dos seus edifícios públicos. O “enclausuramento” desses prédios começou pela Assembleia Legislativa, por triste deliberação do seu presidente àquela época, o falecido deputado Aníbal Khury. O infeliz exemplo alastrou-se rapidamente, seguido pelo Palácio Iguaçu, pelo prédio do Tribunal do Júri e pelo Palácio da Justiça. Como não bastasse, também os espaços da Praça Nossa Senhora da Salete e da Praça Rio Iguaçu foram isolados por cercas de metal, desta maneira opondo obstáculos às pessoas, enfeiando a cidade e poluindo visualmente a paisagem.
Agora toda a área está voltando a ser uma esplanada, tal como previa o projeto original para o Centro Cívico. O atual presidente da Assembleia Legislativa, o prefeito e também o governador do Estado manifestaram-se favoráveis à retirada das grades, e assim o processo teve início. Apesar disso, a Assembleia, embora tenha liberado o espaço da praça, ainda mantém seus edifícios isolados pelas cercas que não existiam antes de Aníbal Khury. Nas palavras do governador Beto Richa, “a praça é um local do povo, destinado às manifestações populares. Não é possível que esse espaço público fique cercado. Estamos fazendo um governo pautado pelo diálogo, e a retirada das grades também simboliza o reconhecimento ao direito que todos têm de voz e liberdade”. O Palácio da Justiça também conserva erguidas as grades, contrastando com os espaços abertos ao seu redor. Comenta-se, porém, que já há correntes intelectuais, dentro do próprio palácio, influindo para que aquele pedaço da praça seja igualmente liberado.
Este é o momento adequado para que a Prefeitura Municipal ponha em prática alguns dos já antigos projetos que previam a revitalização dos jardins da área, ou apresente novas e bem-vindas soluções. Árvores foram ali plantadas recentemente, mas os jardins propriamente ditos carecem de uma grande renovação. Os espaços precisam ser redesenhados e faltam canteiros de flores.
Num determinado lugar sob a sombra das árvores, ao lado do Tribunal do Júri e da lateral da Prefeitura, há alguns antigos instrumentos para que as pessoas se exercitem, que foram ali colocados há uns vinte anos, ou mais. Poderiam ser agora substituídos pelos modernos aparelhos que compõem as “academias ao ar livre para a terceira idade” que têm sido instaladas em diversos bairros e parques. Seriam muito estimulantes e benéficas para os idosos que residem nas imediações da Prefeitura e que teriam fácil acesso ao local, graças à inexistência, agora, das grades. Cabem mais sugestões: aquela enorme e cara estrutura metálica colocada quase em frente ao Palácio das Araucárias, entre este e a ciclovia paralela ao Rio Belém, com o propósito de servir de estacionamento para bicicletas, está abandonada e deteriora-se. Vale recuperá-la e dar-lhe uma finalidade útil e imediata.
Oxalá a revitalização dos jardins do Centro Cívico prospere com bem-vindas novidades.
(Francisco Souto Neto – Junho 2011)